No dia internacional de Atenção à Pessoa com Lúpus, a Comissão de Direitos Humanos, Proteção das Mulheres, Idosos, Trabalho e Minorias da Câmara Municipal de Natal se reuniu, nesta sexta-feira (10), para tratar sobre o tema. O Lúpus é uma doença inflamatória crônica de origem autoimune com produção desregulada de anticorpos que reagem com proteínas do próprio organismo e causam inflamação em diversos órgãos, como pele, mucosas, pulmões, articulações e rins.
A vereadora Divaneide Basílio (PT), presidente da Comissão, explicou que o objetivo da reunião é dar visibilidade à doença, além de buscar uma linha de cuidado e tratamento específico para os casos de Lúpus. “A finalidade dessa reunião é que, através dos órgãos públicos, se tenha uma linha de cuidado mais permanente, porque mesmo sendo uma doença antiga, ainda é uma doença invisível aos olhos da sociedade e do poder público. Nosso objetivo é dar visibilidade a doença, mas não só isso queremos também uma linha de atendimento específico e políticas públicas voltadas às pessoas acometidas pelo Lúpus”, disse a vereadora.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, estima-se que, no Brasil, existem cerca de 100 mil pessoas com lúpus, em Natal 8,7 pessoas, a cada 100 mil, são acometidas pelo Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES). A doença atinge 9 mulheres para cada homem e tem como principais sintomas cansaço, febre baixa, emagrecimento, perda de apetite, perda de cabelo, dor articular, manchas na pele, entre outros.
A presidente da Associação das Pessoas Acometidas por Lúpus Eritematoso Sistêmico (APALES), Jackeline Dionísio, comentou que, por desconhecer a doença, existe preconceito da sociedade com as pessoas acometidas pelo Lúpus. “As pessoas quando veem os eritemas, as manchas na pele, se afastam, pensam que é contagioso, e não é. Por isso, a importância dessa reunião, de encaminharmos as demandas, para que a sociedade tenha um olhar mais sensível com a causa”, afirmou Jackeline.
Uma questão bastante discutida foi o repasse dos medicamentos para o tratamento do paciente com Lúpus. Segundo a vereadora Ana Paula (PSDC), existem muitas barreiras para que os pacientes avancem com o tratamento. “Não houve uma regularização integral no fornecimento dos medicamentos, as pessoas com Lúpus fazem uso contínuo desses medicamentos e muitas vezes não têm condições de arcar com os custos, portanto houve questionamentos sobre esse repasse pela UNICAT (Unidade Central de Agentes Terapêuticos) e quando vai ser normalizado”, Ana Paula.
A coordenadora de promoção à saúde da SESAP (Secretaria de Estado e da Saúde Pública do RN), Neuma Lúcia de Oliveira, salientou que o estado desenvolve o tratamento para o Lúpus, porém faltam ações para a linha de cuidado. “O Lúpus é uma doença que tem implicação sistêmica, gera incapacitações dessas mulheres, em sua maioria, e não é uma doença com grande visibilidade como a diabetes, hipertensão, por exemplo. Através dessa reunião levaremos as demandas, discutiremos os temas para desenvolvermos políticas públicas e uma linha de cuidado contínua para essas pessoas”, explicou Neuma Lúcia.
Ao final da reunião foram definidos encaminhamentos como a realização de uma campanha educativa sobre a doença, informando não só os pacientes, mas também os familiares e a sociedade em geral; e a criação de uma comissão técnica para a elaboração de políticas públicas em prol dos pacientes com LES.
Texto: Karol Fernandes
Fotos: Marcelo Barroso