Os vereadores integrantes de Comissão de Saúde da Câmara realizaram na tarde desta segunda-feira (24), uma visita na unidade de pronto atendimento do bairro Potengi - UPA Potengi. O objetivo é acompanhar de perto como está o funcionamento da estrutura que presta serviços de urgência e emergência em clínica geral e pediatria na Zona Norte da cidade. Durante a inspeção foi constatada uma grande quantidade de óbitos de pacientes. Até o domingo (23), foram contabilizados vinte e seis mortes de pessoas que estavam internadas, e de outros que já chegaram bastante debilitados. A maioria são idosos, com problemas cardíacos, que buscam atendimento de urgência, mas que por falta de vagas em hospitais referenciados não conseguem transferência e acabam ficando internados na UPA. De acordo com o presidente da Comissão, vereador Fernando Lucena (PT), a situação é preocupante.
“É muito grave. Vinte seis pessoas morreram, o que mostra que a regulação não está funcionando, que não temos leitos de retaguarda. As UPAS são prontos atendimentos, era pra pessoa chegar aqui e ser encaminhada para esses hospitais dependendo do caso. Tem pacientes com trinta dias de internamento, na qual o máximo para ficar aqui era vinte e quatro horas. Você identifica, medica e encaminha, mas como não existe leito de retaguarda, você acaba ficando com ele aqui. Vamos agora pedir a relação completa dos óbitos e convocar uma reunião mesmo no período de recesso para chamarmos as secretarias estadual e municipal de Saúde e vermos a possibilidade de contratarmos mais leitos”, disse Fernando Lucena.
A unidade conta com a escala completa de profissionais, sendo seis médicos e equipe de enfermagem. Destes, quatro são clínicos gerais e dois pediatras. De acordo com a diretora da unidade, Swami Bezerra, o que agrava mais a situação, além da falta de leitos para transferência dos pacientes internados é a superlotação também demandada pela alta procura neste período de grande incidência de arboviroses na cidade e também de pacientes oriundos de municípios da região metropolitana de Natal, o que de acordo com a diretora da unidade, acaba agravando a situação no local.
“Nós tivemos idosos de até 101 anos que foram a óbito. É uma faixa etária muito debilitada que chega aqui na UPA. A gente faz tudo que é possível, mas a gente não tem leito para enviá-los. Além disso, temos o problema da superlotação nos últimos dias de pacientes internos, nós estamos num período de arboviroses então nós estamos bastante lotados, a procura é alta. Outro fator é a vinda de pacientes de São Gonçalo do Amarante, Extremoz, Ceará-Mirim, municípios circunvizinhos, quando não é caso de emergência nós referenciamos eles de volta para a cidade de origem, mas qualquer outro caso nós temos que atender, apesar de que legalmente é obrigação desses municípios atenderem seus munícipes”, relatou Swami.
Para o vereador Franklin Capistrano (PSB), o estado tem faltado com o que compete a ele na saúde pública. “Compete ao município a questão da urgência e ao estado cuidar daqueles que foram atendidos na urgência e precisam de acompanhamento, no caso nos hospitais do estado, mas aqui parece que só existe o município. O papel do município está sendo feito e muito bem feito e o do governo? Está havendo regulação? Não. Sem regulação a saúde não anda. A regulação é fundamental, o paciente sai daqui e vai para onde? O nó da regulação que ninguém desata”, comentou Franklin.
Comissão inspeciona estrutura de hospital
Após a visita na UPA Potengi, os vereadores realizaram a inspeção da estrutura hospitalar no bairro do Tirol, que será apresentada ao estado como opção em substituição ao atual hospital estadual Ruy Pereira, que apresenta diversos problemas constatados durante visita feita no dia 10 deste mês. O prédio que fica situado na avenida Romualdo Galvão, possui capacidade para até oitenta pessoas, em leitos de UTI adulto e pediátrica e centro cirúrgico.
Segundo a vereadora Carla Dickson (PROS) será apresentado um relatório apontando a estrutura como opção de hospital de retaguarda. “Esse hospital atende muito bem por sinal, visitamos leitos de UTI pediátrica. Estrutura tem, o ideal seria que o estado tivesse sua unidade própria, mas isso demanda verba e tempo e os pacientes que estão internados no Ruy Pereira naquela dúvida de fecha ou não fecha por questões estruturais não podem ficar esperando. Então uma das soluções que vamos apresentar em forma de relatório é a possibilidade de locação desse prédio que um hospital já pronto”, afirmou Carla Dickson.
“Como membro da comissão irei apresentar parecer favorável se assim foi necessário diante da qualidade da estrutura que estamos aqui visualizando. Eu vejo aqui uma qualidade e uma dignidade para os pacientes que possam vir aqui em busca de atendimento”, destacou Preto Aquino (PATRIOTA).
Texto: Kehrle Junior