Em outubro de 1988, há 31 anos, a ONU e a Organização Mundial de Saúde instituíram o dia primeiro de dezembro como o Dia Mundial de Luta contra a AIDS no mundo. Aqui no Brasil, para expandir as ações desenvolvidas junto à sociedade, foi sancionada a Lei Federal 13.504, em 2017, que instituiu no país dezembro como o mês da campanha nacional de prevenção ao HIV/AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis, denominada Dezembro Vermelho.
Para homenagear as pessoas e entidades que lutam e apoiam a causa aqui na capital potiguar, a Câmara Municipal realizou na noite desta terça-feira (03), uma Sessão Solene em Homenagem ao Dezembro Vermelho. A proposição foi do vereador Ney Lopes Júnior (PSD).
“É uma Sessão Solene que vem tratar de assunto de extrema importância para a nossa sociedade, que é a questão da AIDS. Uma doença que ainda é cercada de muitos preconceitos, muitos mistérios, há muitos anos, e desde que surgiu, se busca uma posição da sociedade também na questão da conscientização para que todos vejam a AIDS como um fator que acontece na sociedade; deve ser respeitada e não ser tratada como uma forma de excluir as pessoas. A AIDS deve ser tratada como uma forma de inclusão social. Então na Sessão Solene de hoje, nós vamos fazer essa homenagem justa, que comemora-se o Dia Nacional de Combate a AIDS”, enfatizou o vereador Ney Lopes Júnior.
Homenageado da noite, o jornalista Inamar Alves, que atua nos movimentos de luta e combate à AIDS destacou a importância do reconhecimento feito pelo Legislativo municipal. “Para nós que atuamos e pensamos um pouco na erradicação dessa doença, é uma grande felicidade, é uma honra a homenagem, em saber que esse trabalho de erradicação, de busca e conscientização, está sendo reconhecido e tem o reforço pelo trabalho e atuação da Câmara Municipal do Natal. Hoje no estado são cerca de 7500 pessoas que tem ou HIV ou AIDS, ou fazem algum tipo de tratamento e isso é muito preocupante, bem como alarmante, mas o número ainda pode ser maior, então é importante que a gente esteja sempre atuante e esteja sempre falando sobre esse tema, que é delicado”, pontuou Inamar.
Presidente da Associação de Vidas Positivas (AVIP) e representante da RNP+, Marcos Berlamino ressalta que após a solenidade as entidades que atuam no movimento saem fortalecidas. “É muito importante pela instituição que nós representamos e é um grande prazer, porque aí a gente já cria mais forças, representando as pessoas que convivem com HIV/AIDS. A partir dessa solenidade, nós crescemos e mostramos que estamos vivos dentro da sociedade”, disse Marcos.
“Me sinto honrada, inclusive foi uma surpresa para mim, porque nós que temos nosso ofício como uma vocação, a gente não espera determinadas homenagens e eu estou feliz por fazer algo pela cidade e por aqueles que buscam a Deus e esbarram muitas vezes no preconceito. Por exemplo, na igreja que eu pastoreio, a maioria é formada por homoafetivos, não que não tenham heterossexuais, mas a grande maioria é porque foram rejeitadas e sim, existem pessoas que não conseguem lhe dar com a sua sexualidade, muito menos com as questões de tratamento de saúde. No meio protestante a ligação entre saúde e fé parece que são chocantes. Existe uma ideia de que quem tem fé não precisa se tratar, então precisamos deixar as doutrinas de lado”, acrescentou a advogada e pastora de uma igreja inclusiva, Daniela Modesto.
Segundo dados divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde, no Rio Grande do Norte, houve um aumento de 81,7% nos casos de HIV/AIDS, nos últimos dez anos. A secretária adjunta de Atenção à Saúde, Genilce Almeida, que esteve representando a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), explicou o motivo no aumento do número de casos na capital potiguar.
“Os casos vêm aumentando, mas porque também estamos ofertando na rede básica o teste rápido de HIV em toda rede básica; então estamos testando mais as pessoas, obviamente a gente tem diagnosticado muito mais, mas também assim, estamos com uma linha de cuidado muito organizada para o paciente de HIV. Nós temos o SAE, que é o Serviço de Assistência Especializada, montado e temos todo o tratamento para esse paciente, então uma vez devidamente notificado vai ter todo acompanhamento necessário e hoje nós vivemos tempos em que o paciente portador do vírus tem condição de ter uma vida normal, uma qualidade de vida, basta que ele se cuide, trate e busque a ajuda necessária”, explicou Genilce. Ela ainda acrescentou: “Quem é portador do vírus do HIV não necessariamente entra com o adoecimento, ele está com estado viral e vai tratar isso. A doença desenvolve por n outras coisas que vão se agregando, ou seja, ter HIV não significa ter AIDS, então por isso prezamos para que esse paciente seja tratado, cuidado e tenha uma qualidade de vida e não chegue a adoecer”, acrescentou.
Texto: Kehrle Junior
Fotos: Verônica Macedo