A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Proteção das Mulheres, dos Idosos, Trabalho e Igualdade da Câmara Municipal de Natal debateu nesta quinta-feira (9) a violência de gênero que as mulheres sofrem na política.
A proposição foi da vereadora Ana Paula (PL), vice-presidente da comissão, que explicou ter sido solicitada pelo grupo Movimenta Mulheres (MM/RN), que desenvolve ações voltadas às mulheres do estado. "Aqui é o momento que nos unimos junto a este movimento para debater sobre os preconceitos que a mulher sofre na política. São interrupções de falas, exclusão de debates, críticas no sentido de intimidar algum posicionamento, ou até mesmo assédio, que precisam ser combatidos", disse a parlamentar.
Para tanto, a presidente do MM/RN, Isabella Lauar, propôs a criação de um observatório no qual a Câmara esteja incluída. "Dessa forma, propomos que haja um movimento que perceba as violências políticas que as mulheres sofrem que, na verdade, é uma violência de gênero disfarçada de violência política. Vamos fazer um mapeamento, criando um canal de denúncias e propor políticas de enfrentamento", sugeriu a militante.
Presente à audiência, a subsecretária de Políticas Públicas Para as Mulheres, do Governo do Estado, Wanessa Dutra, enfatizou que dificilmente se conseguirá chegar à igualdade de gêneros, sem haver paridade na política. "Com a disparidade que existe na quantidade de mulheres ocupando espaço na política em relação aos homens, dificilmente se consegue mudar efetivamente o cotidiano, garantir igualdade de de salários, espaço no mercado de trabalho, na educação, na formação profissional e em todas as áreas", alertou a subsecretária.
Também convidada do encontro, a primeira mulher trans eleita vereadora no estado, Thabatta Pimenta, de Carnaúba dos Dantas, destacou que não haverá política pública de verdade para as mulheres e outros grupos de minorias, se diferentes gêneros não participarem das decisões. "Estou num espaço como esse, mas lutando todos os dias para que nos ouçam. Para que eu estivesse aqui muitas mulheres trans e travestis morreram ao longo dos anos. Sou agredida verbalmente, sofro preconceito e por isso, quem vai falar da luta de verdade somos nós que sentimos essas agressões", declarou a vereadora carnaubense.
Agressões e preconceito também foram relatadas pela vereadora Divaneide Basílio (PT), que elaborou um dossiê e apresentou na Câmara Federal, em Brasília, sobre as vivências da vida parlamentar. "A violência política é algo que nos imobiliza. Não é fácil chegar aqui, ter um posto eletivo. Mas também não podemos nos calar. Cada agressão que sofremos reflete a necessidade de colocarmos no papel essas violências para que não sejam invisibilizadas e se perca a força das mulheres de se posicionarem e poderem expor suas opiniões", frisou a parlamentar.
Projetos
Num segundo momento da reunião, os vereadores da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos aprovaram projetos de lei em pauta e receberam a proposta de revisão do Plano Diretor de Natal.
Do vereador Herberth Sena (PL), que participou da reunião, foram aprovados dois projetos. Um que assegura prioridade de vaga nas escolas para crianças e adolescentes que têm pais ou responsáveis idosos ou com deficiência, além da proposta de criação de um memorial para vítimas da covid-19.
Também foi aprovado projeto do vereador Chagas Catarino (PSDB), que assegura às gestantes a realização da ultrassonografia morfológica; da vereadora brisa Bracchi (PT), que prevê capacitação em libras para profissionais de psicologia; e do vereador Klaus Araújo (SDD), que veda nomeações pelo Município de condenados pela Lei Maria da Penha. O vereador Pedro Gorki (PCdoB) também participou da reunião.
Texto: Cláudio Oliveira
Fotos: Francisco de Assis