Uma reunião promovida pela Frente Parlamentar Evangélica demonstrou, nesta quarta-feira (14), a conexão entre gravidez na adolescência e problemas sociais. Segundo levantamento do Movimento Todos pela Educação, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mais de 309 mil mães adolescentes estão fora da escola. A faixa etária a exigir maior atenção é dos 10 aos 14 anos, onde a gravidez costuma decorrer de atos de violência sexual.
Em seu discurso, a vereadora Carla Dickson (PROS) disse que a adolescência é uma fase de profundas transformações físicas, psicológicas e sociais. "Um período em que se estabelecem novas relações do adolescente com ele mesmo, nova imagem corporal, novas relações com o meio social, com a família e com outros adolescentes. Por falar em família, há dados que indicam um enfraquecimento da figura paterna na família, e sabemos que essa ausência acompanha os estudos dos casos de gravidez juvenil", pontuou.
No Brasil, um em cada cinco bebês nasce de mães adolescentes, segundo relatório das Nações Unidas Mundos Distantes: Saúde e direitos reprodutivos em uma era de desigualdade, lançado esta semana. Isso significa que ocorrem 65 gestações para cada mil meninas de 15 a 19 anos. Referentes ao período de 2006 a 2015, os dados tornam o Brasil o sétimo da América do Sul no quesito taxa de gravidez adolescente.
Rosemarie Loer, da Secretaria Municipal de Educação (SME), informou que a Prefeitura tem investido na formação dos professores para enfrentar os desafios sociais existentes nas unidades de ensino da capital potiguar. "A questão da gravidez precoce é complexa e envolve diversos fatores. Desde a adesão aos valores grupais relacionados à liberdade e à sexualidade até o erotismo veiculado pela mídia que propõe uma prática isenta de responsabilidade".
Para o pastor da Assembleia de Deus, Elinaldo Renovato de Lima, as famílias estão transferindo para a escola e a internet a responsabilidade de educar os filhos. "Em tempo: vivemos uma crise de valores em nossa sociedade. As novelas, séries e filmes incentivam o sexo casual, a ausência de compromisso e o imediatismo nas relações afetivas. Do outro lado da tela, a família é derrotada pela mensagem da mídia, assimilada pelos jovens, que crescem com ideias calcadas num relativismo moral, em que nada estaria errado - nada seria considerado mau ou bom", avaliou.
"Dia a dia, nos deparamos com adolescentes que cogitam abandonar a criança após o parto, entregá-la para terceiros sem o perfil adequado ou abortar. A questão passa por graves problemas sociais. A situação de vulnerabilidade expõe os jovens ao uso de drogas, violência e outros fatores, enfraquecendo os vínculos familiares e fazendo com que estes, por meio dos grupos de amigos, compartilhem emoções, sentimentos, valores e conhecimentos que a família não propiciou", relatou o psicólogo Udo Mendes.
Texto: Junior Martins
Fotos: Elpídio Júnior