A Câmara Municipal de Natal através da Frente Parlamentar em Defesa dos Artesãos realizou, nesta sexta-feira (30), uma audiência pública sobre os desafios do setor de artesanato na capital potiguar. O encontro foi mediado pelo vereador Ney Lopes Júnior e teve o objetivo de colocar frente a frente representantes do Poder Público e os artesãos, que necessitam de locais para expor e comercializar a sua arte. Os debatedores também abordaram questões como opções de financiamento e capacitação para os profissionais do setor.
"Estimular a identidade cultural de cada região por meio do artesanato é de fundamental importância para a cultura e para o artesanato em si”, disse o vereador Ney Lopes Jr.. Segundo ele, há uma imensa riqueza no trabalho dos artesãos natalenses. "Entretanto, é necessário criar mecanismos para eles escoarem os seus produtos. É um setor da cultura baiana muito importante, mas está desidratado, sem espaços", pontuou.
"Criamos esta Frente Parlamentar porque o nosso artesanato é conhecido em todo o mundo por sua criatividade, um cartão de visitas para Natal e o Rio Grande do Norte. Do ponto de vista econômico e social é um segmento muito relevante. Tem que ser valorizado e contar com atenção especial do Poder Público", acrescentou o parlamentar.
Leda Medeiros, diretora do Departamento de Artesanato da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtas), parabenizou o Legislativo natalense por olhar de forma cuidadosa para uma das atividades econômicas mais importantes do estado. "Nesse sentido, é oportuno um amplo debate sobre o potencial produtivo e comercial do artesanato, seu escoamento de produção e opção de mercado, oportunidade de crédito e desenvolvimento de habilidade".
Durante o encontro, os especialistas falaram que o investimento no artesanato representa também o desenvolvimento da comunidade através da valorização da produção regional. O caminho, para eles, seria no incentivo da formação de uma mentalidade empreendedora para que os artesãos possam competir no mercado sem necessariamente alterar a essência do seu trabalho. ou seja, o valor simbólico e a tradição artesanal.
Ao fazer uso da palavra, Maria Eliete Pereira, artesã há 39 anos e moradora da Zona Norte, afirmou que a atividade necessita do apoio institucional para se fortalecer. "Precisamos salvar as associações fomentadoras do artesanato local; sem elas ficaremos fragilizados, sem amparo. São artesãos que precisam de incentivo para driblar a burocracia e falta de suporte dos governos para a abertura do mercado e valorização do trabalho. Contamos com a força da Câmara Municipal para enfrentar estes problemas", defendeu.
De acordo com Maria Eliete Pereira, artesã que há mais de 40 anos confecciona peças de crochê, o primeiro passo já foi dado, que é ouvir os artesãos e as reivindicações, para em seguida criar políticas públicas e estruturar um programa de fomento, de venda dos produtos, para que a atividade torne-se sustentável. “Todo o artista vê seu produto como uma obra de arte, e é mesmo uma obra de arte, mas é também um produto de venda. Para tanto, tem que existir uma mudança de mentalidade dos consumidores no sentido de valorizar os produtos feitos pelos artesãos norte-riograndenses. A não-valorização do trabalho manual é o nosso maior desafio”.
Texto: Junior Martins
Fotos: Elpídio Júnior