Familiares e amigos, além de representantes de instituições educacionais e entidades culturais lotaram o plenário da Câmara Municipal de Natal, nesta segunda-feira (03), para um um ato solene in memorian à bibliotecária e poetisa Zila Mamede, que em 2018 completaria 90 anos. Filha de seridoenses, ainda adolescente veio morar em Natal, onde construiu sua trajetória profissional na Biblioteconomia e uma vasta produção literária. A vereadora Eleika Bezerra (PSL), autora da proposição da homenagem, fez a saudação a Zila Mamede, destacando sua obra. "Como já dizia Guimarães Rosa, “o mundo é mágico. As pessoas não morrem, ficam encantadas” e Zila nos encantou em vida e continua o fazendo, pois seu nome continua muito presente e muito forte entre nós", declarou.
"Eu tive a honra de conhecer Zila. Ela era uma pessoa curiosa em diversos aspectos, mas um, em especial, me chamava muita atenção. O seu trabalho como bibliotecária e o seu dom para a poesia são de conhecimento de todos. Mas a capacidade administrativa que ela possuía era de impressionar. Certa vez, até questionei à própria como uma pessoa das “letras” tinha tanta facilidade para administrar, algo que costuma ser raro, mas que foi comprovado em suas passagens pelo Instituto Nacional do Livro (INL), na Biblioteca Central da UFRN – que recebeu seu nome depois – e na Biblioteca Câmara Cascudo. E ela me respondeu que tinha feito curso de contabilidade. Estava explicado", recordou Eleika.
Maria José Mamede, irmã da homenageada, agradeceu em nome da família o carinho e estima do Legislativo natalense. "Zila amava Natal. Ela respirava esta cidade, que sempre foi sua inspiração e motivação. Este momento, que a Câmara Municipal proporciona, ajuda a manter viva a história de uma grande mulher, que tem uma obra imensurável, que fortalece o Rio Grande do Norte no cenário cultural brasileiro. Muito justa e oportuna a homenagem".
Paulo Macedo, jornalista, escritor e membro da Academia Norte-Riograndense de Letras, era amigo de Zila Mamede e ressaltou algumas características dela. "Uma mente brilhante, muito inteligente, solidária, pulso firme, personalidade forte. Ela marcava presença nos eventos sociais e suas opiniões sobre as coisas influenciavam o meio intelectual da época. Carlos Drummond de Andrade a incluía entre suas preferências literárias e João Cabral de Melo Neto era um dos seus colaboradores na produção de poemas", contou.
Outra personalidade presente na solenidade, Paulo de Tasso, escritor e contemporâneo de Zila Mamede, falou que ela contribuiu decisivamente para a evolução da poesia potiguar. "Uma trajetória que começa, em 1953, com o livro Rosa de Pedra, que narra as conquistas da chamada "Geração 45", e vai se desenrolando até chegar aos grandes momentos que considero os livros O arado (1959) e Exercício da Palavra (1975), que marcam o ponto alto da poesia do estado. Em tempo: tive a honra de escrever o prefácio do livro Navegos (1978), que reúne cinco obras de Zila", disse ele, que também integra a Academia Norte-Riograndense de Letras.
Texto: Junior Martins
Fotos: Verônica Macedo